3D – Difícil, demorado e coitado de quem não fizer perfeito!

21 outubro 2010 Postado por Stalo Comunicação

Estamos vivendo um momento de grandes produções cinematográficas em animação 3D. Não sei se no futuro, meus filhos irão ver Toy Story 3 e dar risadas, achando ultrapassada a nossa tecnologia (como acontece hoje, quando nos deparamos com os efeitos especiais de 30 anos atrás), mas acho difícil isso acontecer. Claro que novidades irão surgir, elas são mais férteis e incansáveis que coelhos no cio, mas a qualidade Pixar, DreamWorks e BlueSky serão sempre reconhecidas.

Esse excesso de qualidade, tão presente e acessível a todos, traz uma questão no mínimo interessante: como está a exigência e o conhecimento do receptor? Quem assiste uma animação 3D, na maioria das vezes, faz ideia do trabalho e da complexidade daquela produção? Quantos profissionais estão envolvidos? Qual o nível de tecnologia aplicada? Qual o conhecimento necessário? Essas questões não são muito relevantes, até porque o que importa é o entretenimento, certo? Então, vamos nos esbaldar em imagens e nos acostumar a elas. E acostumando, qualquer coisa inferior perde impacto e reconhecimento.

Vou ilustrar para deixar um pouco mais claro o que quero dizer. Quando comecei a estudar o 3D, demorei algumas semanas para chegar na minha primeira animação, mas ela veio. Criei uma cena simples, com um cachorro deitado, olhando uma bolinha que quicava. O movimento da cena ficava por conta da respiração do cachorro, da bolinha (e consequentemente sua forma) e dos olhos do animal, que acompanhavam o artefato de borracha. Simples demais, não? Pois é, foram quase 6 horas de trabalho. Empolgado, chamei minha mãe e meu sobrinho para verem o resultado. Cada quique da bolinha era uma esperança nos olhos do menino que o cachorro se levantasse, pegasse a bolinha e saísse correndo. Depois de alguns segundos de movimentos repetitivos, ele se cansou e saiu sem dizer nada. Minha mãe, logo em seguida, soltou a frase “é isso?”. Pois é. Era só isso. Muito longe de qualquer referência que eles tinham.

Como trabalho com criação publicitária, o 3D ajuda (e muito) em diversos materiais gráficos, porém, a animação nunca foi meu foco. Mas já tive a oportunidade de ver vídeos de produtoras especialistas no assunto que passam para o receptor a mesma sensação. Um produto pequeno, pouco rico, que não representa o que todos estão acostumados a ver.

Se tem um mercado que está crescendo muito é o de animação em tecnologia 3D. Não quero desanimar ninguém, pelo contrário, acho uma ótima aposta para futuros profissionais de comunicação, mas sem dúvida o desafio é muito grande.

Tiago Motta

0 Response to "3D – Difícil, demorado e coitado de quem não fizer perfeito!"

Postar um comentário