Conhecer (ou achar que conhece) um pouco sobre todos os assuntos. Mania de brasileiro. Isso é bem comum e até bom quando o assunto é futebol, religião, música e política.
O problema (01) é que essa característica está cada vez mais presente na publicidade. Nós, publicitários, não temos o isolamento científico da engenharia e da medicina. Você já viu alguém entrar em seu apartamento e questionar a estrutura? Pois é. Nosso trabalho é visual, é pensamento, é raciocínio ilógico.
O problema (02) são as conversas de boteco da comunicação, que criam conceitos que todos tomam como verdade. O que já ouvi de barbaridades não está no gibi. “Não se pode usar a palavra ‘não’ em textos publicitários”. “A ordem de leitura é em Z”. “Amarelo significa consumo e vermelho desperta a fome”. Achei que o que despertava a fome era não comer.
No último domingo (01 de agosto de 2010), saiu uma nota no Jornal Estado de Minas sobre uma mudança de marca de um de nossos clientes. Fui agraciado com uma citação onde “eu” explicava o significado das cores. “O marrom contrasta de forma equilibrada com o amarelo, muito usado para simbolizar alimentos”. Valeu pela boa vontade da assessoria do cliente, mas amarelo não vai simbolizar alimentos nem aqui, nem na terra da batata frita.
O estudo das cores na publicidade é físico. E se é físico, é ciência. E se é ciência, vamos ter mais responsabilidade. Mais uma vez, minha reclamação não é com a assessoria, é com os publicitários que trabalham pautados em pseudo-verdades. Os motivos são muitos. Alguns tentam iludir os clientes com falsas defesas e argumentações (falam o que eles querem ouvir) e outros realmente não conhecem nada da teoria.
E para ser correto com a comunicação, com a física e com todos os estudos de recepção, a mudança de sentido está nas palavras. Muitas vezes, até muito simples. “O marrom contrasta de forma equilibrada com o amarelo, muito usado para representar alimentos”.
Tiago Motta
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