Adaptação do romance homônimo do carioca André Sant’Anna, a montagem esboça múltiplas passagens do texto, imersas em elementos cênicos harmônicos ao frenesi polissilábico. O ponto de partida é o encontro de todos no elevador, situação que faz os corpos se tocarem e desperta toda a discussão.
A trama traz personagens de uma sociedade metropolitana, que se cruzam ocasionalmente, sempre buscando ou pensando em sexo. Os personagens recebem como nome próprio os rótulos atribuídos a eles pela sociedade, numa crítica à estereotipificação social atual e à obsessão pelo sexo, sob a perspectiva da mídia.
Esses “personagens-estereótipos” - a secretária loura, o jovem executivo, o negro que fedia, a jovem mãe com o bebê babando no colo, a gorda com cheiro de perfume Avon, entre outros - transitam pelo espaço envolvendo a audiência num paradoxo de recortes verossímeis e, ao mesmo tempo, surreais.
A participação dos atores com relatos pessoais dá um tom a mais à peça que apresenta o sexo como parte corrente do cotidiano de todos. Esses trechos, que interrompem um pouco a história, promovem reflexão e discussão sobre momentos que muitos já passaram.
Serviços
Montagem da Cia. Pierrot Lumar.
De sexta a domingo, às 20h.
Espaço Aberto Pierrot Lunar, Rua Ipiranga, 137, Floresta, (31) 2514-0440.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). Até 26 de maio.
Anne Morais
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