Essa semana estou acompanhando no Jornal Nacional a reportagem especial do JN no AR (clique aqui para acompanhar a série), que está apresentando um pequeno panorama da educação básica no país. Apesar de rápidas, as reportagens são interessantes por pegar “in loco” as disparidades de qualidade do ensino numa mesma cidade.
Ao ver que crianças de 13, 14 anos que ainda estão em período de alfabetização, fico me perguntando, mesmo essas crianças aprendendo a ler e a escrever, se elas irão utilizar esse “aprendizado” algum dia. Digo isso porque o que podemos ver é que muitas dessas crianças se tornarão analfabetos funcionais (sabem ler e escrever, mas não sabem interpretar o que está escrito).
Meu avô, um simpático senhor de 76 anos, essa semana me pediu a seguinte ajuda: quero que você me ensine a interpretar textos. Ele, que é o que podemos dizer de “estudante permanente da Bíblia” queria ajuda para entender mais sobre os textos que lia nas antigas escrituras e assim poder passar essa informação aos demais do circulo de oração dele.
Assim que ele me pediu essa ajuda me peguei pensando: mas o que faz o meu avô pensar que eu interpreto melhor os textos do que ele? Ao tentar responder a pergunta, entendi que o que nos faz interpretar melhor tudo o que lemos, vemos e ouvimos é nosso repertório. Quanto mais informações podemos ter contato e absorvermos, mais completas serão nossas interpretações futuras, pois temos mais embasamento e mais pontos de vista para ajudar na análise.
Acho que isso me faz uma devoradora de informação. Leio e presto atenção em tudo o que posso e mesmo assim acho que gasto pouco do meu tempo aprendendo mais sobre o mundo. Desde o jornal Super, que vejo as pessoas lerem todos os dias dentro do ônibus até os textos em inglês da minha pós-graduação, passando por textos na internet. Tudo pode e deve ser utilizado para aumentarmos nosso repertório e nossa capacidade de entender o mundo.
Por isso também devemos parar de nos limitar a ler e ver somente coisas que gostamos, e abrir a mente para informações que neste momento podem não nos ser relevantes, mas que podem ser necessárias e acessadas em momentos futuros.
Esse foi o conselho que dei ao meu avô: leia outros textos que não sejam a Bíblia e assista outros canais de TV que não sejam somente os das novelas. Conhecer mais sobre outras coisas completamente não conectadas ao seu dia a dia podem lhe ajudar a interpretá-lo e assim desenvolver outras formas de resolver os mesmos problemas.
Já às crianças, me entristeço em pensar que por conta dessa grande falta de compromisso com a educação em nosso país, elas se limitarão a “ler, escrever e fazer conta de cabeça” e nunca poderão entender, interpretar e fazer mais por sua realidade.